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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

[.reticências.]

Renal desde o nascimento já recebi duas doações, meu pai me doou um rim em 91, um transplante que infelizmente não deu certo. E depois, em 1995 minha mãe me doou um de seus rins. Foi quando eu pude viver de verdade, foram dez anos de vida, onde eu pude trabalhar, estudar e fazer tudo que uma garota de quinze anos normalmente faz!A Eloá morreu com quinze anos, de uma forma trágica, por um amor que não merecia ser chamado de amor. Amor sim, foi sua mãe quem teve, em um momento de tanta dor e sofrimento, um momento em que ela tinha perdido a esperança no ser humano, ainda achou forças para pensar em tantas outras pessoas. Enquanto velava a filha de quinze anos, salvava sete pessoas que ela sequer conhecia. Acho que precisamos de pessoas assim, que se preocupam com o outro. Mas infelizmente falta estrutura para recepção de órgãos, falta divulgação tanto sobre a morte cerebral quanto sobre a doença renal. Gostaria de conscientizar as famílias a respeito da importância da doação de órgãos, pois ninguém está livre de precisar de um transplante. Só assim não veremos tanta gente morrendo nas filas, à espera de um órgão. Como diz minha mãe: A doação é mais gratificante para quem doa do que para quem recebe!

Há três anos de volta à hemodiálise vejo a falta de campanhas que alertem as pessoas sobre a INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA. Para muitas pessoas que não conhece a doença é difícil entender a doação, o tratamento e principalmente o renal. Mas em todos estes anos de tratamento, médicos, e salas de espera pude perceber que ser renal é normal, temos alguns limites, mas quem não tem?!Temos dias ruins, mas quem já não teve o seu também?!Somos escravos de um tratamento três vezes por semana, mas quem não é escravo de alguma coisa, na vida? Então devemos tentar levar a vida como todas as pessoas levam as suas, ir vivendo um dia de cada vez. Ninguém sabe o dia de amanhã, e garanto que ninguém tem o dom de prever seu futuro.

Um dos motivos que pode levar alguém para hemodiálise é a pressão alta, uma doença silenciosa que pode ser fatal. E não vemos campanhas para alertar sobre essa doença, bastando apenas verificar a pressão e em caso de alteração tomar os remédios prescritos pelo médico.
Enquanto isso, para quem já está na fila de espera por um transplante eu só desejo que a espera não seja longa, nós não podemos deixar o governo e órgãos responsáveis se esquecerem de nós, temos que obrigar e brigar por campanhas mais sérias, por divulgação do problema e verbas para remédios pós-transplante. Nossa vida não depende só de uma máquina, mas depende principalmente de nós mesmos, lutando e buscando dia-a-dia por melhorias no tratamento e em nossa vida!
Só não podemos nos perder, perder a fé na vida e no ser humano...


P.S: Texto publicado no Jornal do Renal,em novembro de 2008.

2 comentários:

cultural disse...

Luciana, que boa a ideia desse blog...eu estive pensando em tudo q vc escreveu e bateu cima do meu problema. Eu tinha dores de cabeça terriveis todas as tarde , dava vomito e minha pressao ia 20/14. Um medico de coraçao muito do intelijumento apos de fazer varios exames ligados somente ao coraçao disse que era stresse de sala de aula e me receitou um remedio de pressao q fez mal para o meu rim, digo isso depois q minha ginecologista pediu para eu fazer umas ultrason do abdomem e ele percebeu q emu rim direito estava bem menor e me mandou para um nefro. ele me pediu exame de creatinina e nao deu outra: IRC, e a primeira coisa q ele me tirou foi o remedio de pressao alta e substituiu por outro adequado. Hoje depois de 4 anos encontro-me em tratamento conservador e com apenas 13% de funçao. Eu sei q mais dia menos dias vou cair na dialise. Eu acho q milhares de pessoas sofrem dos rins e nao sabem.

Luciana Cintra Sielskis disse...

É isso mesmo,tem vários sintomas que identificam a IRC,mas eles se confundem com problemas cardíacos ou até mesmo "stress",então aproveite para cuidar dos seus rins,e quanto à precisar ir para diálise,e SE precisar,você vai encarar o problema de frente também!